Durante o dia, os músculos das vias respiratórias mantêm a respiração funcionando normalmente. À noite, porém, essas estruturas relaxam durante o sono, estreitando a garganta e facilitando a vibração causada pela agem do ar — o que resulta no ronco.
Por conta dessas características anatômicas, qualquer pessoa pode roncar em determinadas situações, como durante um resfriado. Mas até que ponto o ronco é considerado normal? Especialistas em Medicina do Sono esclarecem mitos e dúvidas frequentes sobre o tema.
Só homens roncam? Mito!
O ronco atinge cerca de 40% da população brasileira. Embora seja mais frequente em homens — devido a fatores hormonais e anatômicos, como o pescoço mais largo —, mulheres (especialmente após a menopausa), crianças e idosos também podem apresentar o problema. Em todos os casos, o ronco deve ser avaliado por um especialista, que pode ser otorrinolaringologista, pneumologista, psiquiatra, neurologista, pediatra ou clínico com formação em Medicina do Sono.
Evitar álcool ajuda? Verdade!
O consumo de bebidas alcoólicas relaxa ainda mais a musculatura, altera a função respiratória e dificulta o despertar, fatores que agravam o ronco. Essa atenção deve ser redobrada em casos de Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), condição que interrompe a respiração e reduz a oxigenação do sangue. Normalmente, o corpo reage mudando de posição ou acordando, mas o álcool prejudica esse mecanismo, piorando o quadro.
Quem ronca tem apneia? Parcialmente verdade.
Nem todo ronco indica apneia, mas ambos os distúrbios podem estar relacionados. Quando há apneia, o ronco costuma ser mais intenso e contínuo, acompanhado de pausas respiratórias, seguidas por um ronco forte — como se a pessoa estivesse “voltando” de um sufocamento. Essas interrupções prejudicam a oxigenação e aumentam o risco de hipertensão, infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Remédios podem causar ronco? Verdade!
Medicamentos ansiolíticos, indutores do sono, benzodiazepínicos, opioides e relaxantes musculares podem reduzir a atividade respiratória e piorar o ronco, especialmente em doses elevadas. Caso note alterações no sono após iniciar esse tipo de remédio, procure orientação médica para possíveis ajustes.
Dormir de lado resolve? Parcialmente verdade.
Em casos leves, dormir de lado pode ajudar a diminuir o ronco, já que deitar de barriga para cima facilita a obstrução da agem de ar pela língua. No entanto, em quadros mais graves ou com outras causas, essa medida isolada pode não ser suficiente.
Perder peso não adianta? Mito!
A obesidade é um fator de risco importante para o ronco, mas não o único. Outras causas incluem aumento das amígdalas, desvio de septo, rinite, hipotireoidismo e alterações ósseas faciais. O excesso de peso, porém, favorece o acúmulo de gordura no pescoço, estreitando as vias aéreas — principal fator associado à Apneia Obstrutiva do Sono – AOS. Por isso, emagrecer faz parte do tratamento e pode ajudar a reduzir o problema.
Ronco está ligado a doenças crônicas? Parcialmente verdade.
O ronco isolado não é necessariamente perigoso, mas pode indicar apneia, que fragmenta o sono e impede o relaxamento completo do organismo. Isso prejudica funções como regulação da pressão arterial, frequência cardíaca e respiração. Com o tempo, a apneia está relacionada a doenças cardiovasculares e ao agravamento de condições metabólicas, como o diabetes.
Ronco tem tratamento? Verdade!
O tratamento do ronco é individualizado e pode envolver aparelhos intraorais, uso de AP (equipamento que auxilia na respiração), exercícios miofasciais, além de mudanças no estilo de vida. Em alguns casos, são indicadas cirurgias para corrigir desvio de septo, reduzir cornetos nasais, remover adenoides ou intervir na faringe, base da língua e estrutura óssea facial. O objetivo principal é sempre melhorar a respiração nasal e tratar possíveis causas de base.
Fonte: BNEWS